quinta-feira, 21 de maio de 2009

Um livro puxa outro


Desde que conversei com o Marquinhos decidi presenteá-lo com "Amor nos Tempos do Cólera" - ele mostrou especial curiosidade pelo García Márquez, e essa foi a obra dele que mais gostei.

Sempre houve um sebo (loja de livros usados) perto dos lugares onde morei (durante a faculdade era frequentadora assídua). O grande problema de sebos é sempre há mais um tomo gritando: "Me leeeeeva!" (em tom clemente), "Como você pode viver sem mim?!"(fazendo cara de coitadinho!), "Vais reistir a curiosidade de conhecer minha(s) história(s)???"(com olhar sedutor!), e por aí seguem os apelos.

Aqui em Brasília minha sina me acompanhou e menos de cinco minutos daqui há um desses templos do desejo... O Sebinho além de ser a uma "página"de casa, é limpo, amplo, arejado e bem organizado. Felizmente logo que cheguei encontrei "O Amor nos Tempos do Cólera" se exibindo maliciosamente com sua capa azul inconfundível. Ok. Estou salva! Já achei o que queria e vou embora... Ledo engano!

Meus olhos me traíram e começaram a passear pelas lombadas adjacentes, nada irresistível... ATÉ QUE dei de cara com a coleção completa da Rosamunde Pilcher! "O Catadores do Conchas" foi um livro que realmente mudou minha visão sobre a velhice (li durante a adolescência), até então eu era mais uma entre os incautos que crêem que a partir de uma certa idade todos são bonzinhos e que nunca foram jovens e tiveram sonhos e aventuras...Esse eu recomendo mesmo! (Ahhh, muitos anos depois caiu em minhas mãos outro livro dela "Setembro" o enredo era interessante, mas o mais marcante para mim foi a falta de cuidado apresentado pelo tradutor e editores daquela versão, dava claramente para "ver" o texto original em inglês através daquelas , literalmente, mal traçadas linhas.)

Logo ao lado dessa coleção me deparei com "Dewey - Um gato entre livros" (uma obra falando em gatos e livros!!!!), claro que com aquela capa fofa imediatamente pulou no meu braço, se aninhou e veio comigo até em casa! Como tinha encontrado Rosamunde Pilcher em português não resisti e fui dar só uma espiadinha nas prateleiras de literatura em língua inglesa para ver se encontrava algum texto original, sabe como é... não custa nada... vai que... (Desculpas esfarrapadas de alguém que está louco para cair em tentação!!).

Claro que no caminho outra prateleira hipnotizou-me, e lá no cantinho de maneira discreta, quase se escondendo havia uma versão encadernada do "Dom Quixote". Para minha enorme surpresa o exemplar azul amarelado do García Márquez era mais caro do que a versão novinha em capa dura vermelha (amo vermelho!) com letras douradas do Cervantes. Sinto muito, mas o colombiano foi preterido! (Outros clássicos exibidos se atiravam de maneira escandalosa sobre mim, mas fui forte, resisti e segui olhando para o chão em direção aos livros em inglês.)

Não encontrei a inglesa no original (ainda bem), mas havia vários volumes do John Grisham!!!! Em suma: fui atrás de um amor que levou décadas para virar carnal e saí com um cavaleiro delirante, um gato e um advogado!

PS.: Lembro que nas aulas de economia doméstica (meu colégio de primeiro grau era muito tradicional) de que não deveríamos ir ao mercado sem uma lista objetiva, com fome e/ou acompanhadas de crianças. E no sebo? Ok, levamos a lista e uma viseira???

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