Historicamente, tem sido notório o gradual convívio de cães e gatos como companheiros do ser humano. Em Portugal, inclusive, é conhecido o ditado "casa sem gato nem cão, casa de velhaco ou ladrão".
Uma lei do século 13 fixava o preço da pele do gato, além das peles de vitela, cordeiro, cabrito, raposa, lontra, marta e outros bichos. Era barata, um terço da de raposa, sem falar nas peles de luxo como a de lontra ou de marta, o que demonstra que o gato ainda não era considerado totalmente doméstico - servia para ser comido e para dar pele ao homem.
Em termos culinários, houve tempo em que a tenra e delicada carne do gato, depois de receber temperos com que absorvia melhor os condimentos, tornava praticamente imperceptível a diferença entre ela e a de lebre.
Aliás, durante cercos militares a grandes cidades - como no de Paris em 1871 -, o gato foi considerado pitéu refinado, ninguém se lembrava de lebre no cardápio.
Seja como for, nestes tempos de tantos enganos e desenganos, muita gente continua entrando pelo cano por causa de espertalhões que nem sabem o que é lebre, muito menos imaginaram comer carne de gato, mas conhecem perfeitamente a arte da embromação...
Márcio Cotrim é autor, dentre outras obras, dos livros O Pulo do Gato I e II (Geração Editorial).
marcio.cotrim@correioweb.com.br www.marciocotrim.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário