quarta-feira, 20 de maio de 2009

O fantástico mundo dos livros


Depois do almoço estava na sala de aula organizando minhas ideias com material didático, revista e livro de leitura (ainda quero discutir esse tal conceito de "literatura") espalhados sobre a mesa. O Marquinhos, que trabalha na limpeza, entrou para ver se eu precisava de alguma coisa e logo o livro do García Márquez chamou a atenção dele.

- Oh Francisca, esse autor é bom mesmo? Já ouvi falar muito dele, inclusive ele tem uns livros que parecem uns tijolos, né?

E seguiu me contanto o quanto gostava de ler e inclusive que tem um prazer especial lendo poesia.
(Admiro do fundo do coração gente que realmente gosta de poesia. Passei anos tentando me convencer que esse era um tipo de texto que me tocava fundo e tals. Quando se faz Letras a gente fica com estigma de ser profundo conhecedor de gramática e literatura. Pois é, mas aos 32 anos chegou a hora de ser honesta comigo mesma: poesia não é minha praia.)

Perguntei se ele costumava frequentar bibliotecas, e a resposta que obtive justifica a "evasão das bibliotecas". Da última vez que ele retirou um livro acabou atrasando a devolução, daí adiou um pouco mais, tava sem dinheiro e depois acabou com tanta vergonha que nunca mais voltou!

Comentei com ele das Paradas Culturais (as bibliotecas organizadas em paradas de ônibus aqui em Brasília pelo Açougue T-Bone, já escrevi sobre isso). Com ar de criança fascinada ele falou das inúmeras preciosidades que já encontrou enquanto aguardava pelo coletivo (mas mesmo assim fica um pouco contramão porque não há livros espalhados por toda a cidade). O mais incrível foi o deslumbramento dele ao descobrir que o tal açougue que organiza essa biblioteca ao ar livre é um açougue de verdade onde se vende carne mesmo. Pelo jeito fazia muito tempo que ele andava curioso para saber quem organizava tal deleite para os amantes dos livros e ficou ainda mais impressionado ao descobrir que a maior parte do acervo vinha de doações de pessoas físicas anônimas!

Com essa conversa me senti verdadeiramente uma professora: uma pessoa que ajuda outra a alcançar entendimento do desconhecido!

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