sábado, 12 de setembro de 2009

Mitsy pele de veludo






Uma vez por ano gosto de mandar tosar minha Mitsy. Sábado de manhã lá fomos nós para a aventura (tortura). Em certa época do ano os felinos precisam trocar a pelagem e a casa fica quase mais peluda que eles! A senhora que fez a tosa (por mim chamada de higiênica!) ficou impressionada por eu querer tosar uma gata de pelo curto, mas acreditem, faz muuuuuita diferença. A quantidade de pelo que saiu da pequena fez frente ao poodle que havia sido tosqueado antes dela.
Aviso aos iniciantes: nunca, jamais deixe que funcionários de pet shops tosem seus mascotes sem sua presença, por mais habilidosos e cuidadosos que eles sejam, gatos se sentem mais a vontade com os donos junto e mesmo assim sempre tentarão fugir!
Tudo estava indo muito bem até que terminou a poda dos pelos e tive que dar uma breve saída. Uns 10 minutos depois ouvi os berros histéricos da Mitsy a 50 metros da loja. Sinais de tortura, maus tratos ou afins? Nada disso: banho! Uma vez que estava do lado e a abracei na toalha a bichinha só faltou cair no sono.
Pois é, ser "mãe" de mascotes também é padecer no paraíso! (Pelo menos ela ficou cheirosinha e agora a pele dela parece veludo alemão.)

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Penélope Charmosa (Pit Stop)



Lá estávamos nós pedindo nosso jantar numa loja de fast-food (que não é minha favorita) quando vi que entre os brindes no lanche das crinças havia um carimbo da Penélope Charmosa (na verdade sào três empilhados)!!! Meus olhinhos brilharam (igualzinho a uma criança, mesmo!), e enquanto eu falava pro F que eu queria, na verdade, precisava de um carimbo da Penélope o menino do caixa colocou um carimbo daqueles, discretamente, quase dentro da minha bolsa! Minha reação!? Vários gritinhos histéricos internos ( o menino estava em treinamento e teoricamente poderia ter problemas por me dar um brinde a que eu não tinha direito) e olhinhos revirando de felicidade! :)

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Aborto - traço cultural


Dias atrás em uma sala de aula com alunos dos Camarões, Kuwait, Jordânia, França e Turquia surgiu o assunto aborto (assuntos polêmicos são sempre complicados de trabalhar sem ofender alguém e dando o devido panorama cultural brasileiro). Os alunos ficaram chocadíssimos ao saber que no Brasil o aborto é ilegal. E eu super impressionada ao saber que no Kuwait é preferível fazer quantos abortos forem necessários do que ser mãe solteira (isto desonraria a família por várias gerações!). Com muito tat
o expliquei que legalmente no Brasil o aborto é permitido em caso de estupro e risco de vida para a mãe (e em raríssimos casos feto anencéfalo), porém, no entanto, todavia, o número de mulheres que faz abortos clandestinos é significativo (tanto em clínicas elegantes quanto em "açougues" de fundo de quintal).
Quando vi esta pixação numa parede na W3 sul em Brasília tive certeza que era a ilustração mais adequada para comentar este assunto.
(Gente, independentemente de posições ideológicas sobre o assunto ele é apenas mais um traço cultural brasileiro que pode vir a despertar o interesse de alunos estrangeiros de português e cultura brasileira.)

domingo, 6 de setembro de 2009

Aprenda a estacionar com os motoristas que circulam por Brasília - Parte 2


Ahhh é que as regras só valem para os outros, né?
(Antes que alguém tente defender: em todas as colunas do tal shopping há o mesmo aviso!)

terça-feira, 1 de setembro de 2009

The book (ainda?) is on the table


Crônica de Rubem Braga, intitulada Aula de inglês, foi publicada em 1945.


Is this an elephant?

Minha tendência imediata foi responder que não; mas a gente não deve se deixar levar pelo primeiro impulso. Um rápido olhar que lancei à professora bastou para ver que ela falava com seriedade, e tinha o ar de quem propõe um grave problema. Em vista disso, examinei com a maior atenção o objeto que ela me apresentava.

(...)
Terminadas as minhas observações, voltei-me para a professora e disse convincentemente:

— No, it's not!

Ela soltou um pequeno suspiro, satisfeita: a demora de minha resposta a havia deixado apreensiva.
Imediatamente perguntou:

— Is it a book?

(...)
— Is it a handkerchief?

Fiquei muito perturbado com essa pergunta. Para dizer a verdade, não sabia o que poderia ser um handkerchief; talvez fosse hipoteca... Não, hipoteca não. Por que haveria de ser hipoteca? Handkerchief! Era uma palavra sem a menor sombra de dúvida antipática; talvez fosse chefe de serviço ou relógio de pulso ou ainda, e muito provavelmente, enxaqueca. Fosse como fosse, respondi impávido:

— No, it's not!

(...)
— Is it an ash-tray?

Uma grande alegria me inundou a alma. Em primeiro lugar porque eu sei o que é um ash-tray: um ash-tray é um cinzeiro. Em segundo lugar porque, fitando o objeto que ela me apresentava, notei uma extraordinária semelhança entre ele e um ash-tray. Era um objeto de louça de forma oval, com cerca de 13 centímetros de comprimento.

As bordas eram da altura aproximada de um centímetro, e nelas havia reentrâncias curvas — duas ou três — na parte superior. Na depressão central, uma espécie de bacia delimitada por essas bordas, havia um pequeno pedaço de cigarro fumado (uma bagana) e, aqui e ali, cinzas esparsas, além de um palito de fósforos já riscado. Respondi:

— Yes!

(...)
— Very well! Very well!

Sou um homem de natural tímido, e ainda mais no lidar com mulheres. A efusão com que ela festejava minha vitória me perturbou; tive um susto, senti vergonha e muito orgulho.

Retirei-me imensamente satisfeito daquela primeira aula; andei na rua com passo firme e ao ver, na vitrine de uma loja,alguns belos cachimbos ingleses, tive mesmo a tentação de comprar um. Certamente teria entabulado uma longa conversação com o embaixador britânico, se o encontrasse naquele momento. Eu tiraria o cachimbo da boca e lhe diria:

-- It's not an ash-tray!

E ele na certa ficaria muito satisfeito por ver que eu sabia falar inglês, pois deve ser sempre agradável a um embaixador ver que sua língua natal começa a ser versada pelas pessoas de boa-fé do país junto a cujo governo é acreditado.