quarta-feira, 12 de setembro de 2007

El laberinto del Fauno





Pode um mesmo enredo discutir as atrocidades inomináveis da guerra e a delicadeza da visão de mundo de uma criança que acredita em histórias fantásticas?

"Para mi 'El laberinto del Fauno’ es un drama que tiene sus raíces en un contexto de guerra, con elementos mitológicos y de cuento de hadas insertados”, comenta Guillermo del Toro.

O filme de Guillermo del Toro equilibra magistralmente o drama individual, o drama nacional e o sobrenatural, este último funcionando como metáfora das atribulações emocionais experimentadas pelas personagens. Entre o tom indiscutivelmente adulto e o tom duvidosamente infantil, em “El Laberinto del Fauno” a fantasia complementa a realidade, simultaneamente reforçando e atenuando o seu impacto.

O enredo faz uso da figura circular não apenas na narrativa, mas também visualmente através da repetição, dos reflexos e da memória perdida. De um lado está Ofelia, que tenta recuperar o passado que esqueceu, do outro está o capitão Vidal cujo maior temor é ser esquecido.

Há constante transpiração de extremo romantismo, com planos lindíssimos e imagens grotescas, e com fluidas transições entre cenas que conduzem suavemente o espectador entre o mundo real e o surreal. Somos colocados perante a evidência do sonho quando Ofelia regressa ao seu quarto de uma das suas incursões ao mundo do fauno por uma porta que contraria todas as leis físicas.

Em “El Laberinto del Fauno” a beleza convive de perto com a brutalidade e a crueldade. Realidade é dor, e nós somos reais na medida em que os nossos corpos são marcados. Apenas através da dor física parece ser possível libertar a mente dos seus fantasmas. E depois de uma perseguição final que faz lembrar “The Shining” de Stanley Kubrick, a entrega de uma criança a um mundo limpo deixa-nos a sensação angustiosa e contraditória da possibilidade de felicidade mas também da hipótese de tragédia.

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